2025-05-02
Por +Factos
Nas últimas eleições legislativas, 761 mil votos não elegeram deputados desses partidos nos respetivos círculos eleitorais. Este número representa cerca de 12% do total de votos válidos, ou seja, mais de um em cada oito votos válidos foram desperdiçados. Este número de votos desperdiçados só não supera a votação de três partidos - a AD, o PS e o Chega, e é superior à votação conjunta do BE, da CDU e do Livre.
Analisando cada um dos círculos eleitorais, há casos verdadeiramente impressionantes. Quanto menos deputados elege um círculo eleitoral, mais provável é haver uma elevada percentagem de votos desperdiçados, uma vez que a eleição de cada deputado exige uma enorme quantidade de votos, e os votos em partidos de menor dimensão, que não o PS, o PSD ou o Chega, são, quase sempre, votos desperdiçados.
Nos círculos da Europa e Portalegre mais de 40% dos votos válidos foram desperdiçados, sendo que nos círculos de Fora da Europa, Bragança, Beja e Madeira, essa percentagem é superior a 25%.
No fim da tabela surge Lisboa com apenas 3% de votos desperdiçados, seguindo-se Porto e Setúbal com 6%.
Existem cálculos que indicam um número ainda maior de votos desperdiçados. Isso deve-se ao uso de outra metodologia, onde, em cada círculo eleitoral, são considerados os votos a mais do que o necessário para eleger. Embora esses votos sejam "em excesso", os eleitores desses partidos acabaram por eleger representantes e, por isso, na nossa metodologia não os consideramos desperdiçados. Os votos verdadeiramente perdidos são os dos eleitores que votaram em partidos que não elegeram ninguém no seu círculo.
nota: Em Portugal, os deputados são eleitos por círculo eleitoral e distribuídos, com base na percentagem de votos obtida por cada partido, segundo o método de Hondt. No entanto, quando há poucos deputados a eleger num determinado círculo, a distribuição torna-se pouco proporcional. Veja-se o caso de Portalegre, o círculo do território nacional com atribuição de menos mandatos: apenas 2 deputados em disputa. Nas últimas legislativas, o PS e o Chega elegeram um deputado cada, com 34,1% e 24,6% dos votos, respetivamente. Já a AD, com 23,3%, ficou sem representação — apesar de ter ficado a apenas 1,3 pontos percentuais do Chega. Ou seja, uma diferença pequena nos votos resultou numa diferença grande nos lugares no Parlamento. 40% dos votos válidos (a soma de todos os votos sem ser na AD e no Chega) não serviram para eleger qualquer deputado em Portalegre, uma percentagem superior à votação no partido que venceu neste círculo eleitoral.
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